Tradicionais vilões da inflação são os alimentos mais desperdiçados pela população
SÃO PAULO – Para 50% dos internautas, alface e tomate são os alimentos mais desperdiçados por eles. Os dados fazem parte do levantamento “Brasileiro e a compra de alimentos”, feito pelo Instituto Akatu. Em seguida vieram o pão de forma, com 30%, e o queijo branco, com 10%.
Ao avaliar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o portal InfoMoney detectou que os alimentos que estão no topo do ranking do desperdício são também aqueles que, tradicionalmente, tem influência direta nos índices de inflação. De acordo com o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de outubro, no acumulado dos últimos 12 meses, os preços do tomate registram variação de 49,17%, enquanto a alface acumula alta de 16,47% no mesmo período.
Há um destaque também no acumulado dos dez primeiros meses de 2011, sendo que os preços do tomate registraram inflação de 44,20% e os da alface, 15,56%.
Capitais: variações acima da média
A inflação medida pelo IPCA-15 ainda revela que, no acumulado dos últimos 12 meses, cinco das 11 capitais pesquisadas registraram alta acima da média tanto para o tomate quanto para a alface, conforme mostra a tabela abaixo:
Acumulado 12 meses | |||
---|---|---|---|
Capitais | Tomate | Capitais | Alface |
Rio de Janeiro | 107,93% | Rio de Janeiro | 35,86% |
Distrito Federal | 83,33% | Belo Horizonte | 32,30% |
Belo Horizonte | 63,03% | Curitiba | 29,75% |
Goiânia | 62,56% | Porto Alegre | 20,62% |
Porto Alegre | 60,27% | Recife | 19,74% |
Média | 49,17% | Média | 16,47% |
Salvador | 45,63% | Belém | 16,44% |
Curitiba | 36,16% | Goiânia | 12,74% |
São Paulo | 35,98% | São Paulo | 10,96% |
Recife | 32,59% | Distrito Federal | 9,64% |
Belém | 31,04% | Fortaleza | 3,89% |
Fortaleza | 11,43% | Salvador | -19,30% |
No acumulado do ano, houve alta acima da média nacional em 5 capitais para o tomate e em 4 para a alface:
Acumulado ano (10 meses) | |||
---|---|---|---|
Capitais | Tomate | Capitais | Alface |
Distrito Federal | 71,73% | Curitiba | 49,54% |
Rio de Janeiro | 68,51% | Porto Alegre | 36,41% |
Belo Horizonte | 62,40% | Rio de Janeiro | 25,60% |
Curitiba | 59,57% | Belo Horizonte | 25,57% |
Porto Alegre | 56,35% | Média | 15,56% |
Média | 44,20% | São Paulo | 11,72% |
Goiânia | 42,54% | Belém | 8,16% |
Salvador | 38,99% | Goiânia | -3,21% |
Recife | 33,36% | Recife | -4,25% |
São Paulo | 33,17% | Distrito Federal | -4,65% |
Belém | 27,12% | Fortaleza | -12,66% |
Fortaleza | 5,69% | Salvador | -15,33% |
Qual o momento do desperdício da comida?
De acordo com a pesquisa do Instituto Akatu, mais da metade dos internautas (54,8%) perdem a comida no momento do armazenamento, quer dizer, o alimento é jogado fora porque venceu ou estragou antes de ser preparado. O pós-consumo é o segundo fator que mais leva comida para o lixo, com 34,5% dos entrevistados que preparam, guardam e, por não comerem, a comida estraga.
Na terceira posição aparece o preparo como o momento de maior desperdício, com 23,1% e, em último lugar, o consumo ou a sobra no prato, com 15,2% das respostas dos entrevistados. Vale destacar que a soma ultrapassa 100%, porque as respostas podiam ser múltiplas.
Com relação a fato de a comida ir para o lixo por vir em grande quantidade, as verduras foram as mais votadas (25%), com destaque para alface e brócolis, e foram seguidas pelo pão de forma, leite e derivados (12%). Outros alimentos levados em conta foram o pão francês (6%), arroz e banana (4% cada).
Explicação dos consumidores
A enquete ainda abriu espaço para as pessoas justificarem a ida de tanta comida para o lixo e uma alegação comum foi a compra em excesso, principalmente de verduras e frutas, porque os consumidores não têm tempo de ir ao supermercado na mesma semana.
Outra opinião comum entre aqueles que moram sozinhos ou em poucas pessoas é em relação ao pão de forma que mofa: para eles, a produção de pacotes menores reduziria o desperdício.
Sobre a pesquisa
De acordo com o Instituto Akatu, a pesquisa feita entre os dias 13 e 27 de outubro de 2011 no portal não tem validade científica, por ser uma enquete entre usuários da web e internautas que visitam o portal do Akatu.
Nessa amostra, 66% dos entrevistados pertenciam a famílias de até três pessoas; 33,6% moram em duas pessoas; 23,8%, em três; e 8,6%, sozinhas. Famílias de seis ou mais pessoas somaram 3%.
fonte: infomoney