Nova taxa no uso de cartão de crédito e a necessidade de educação financeira
(Divulgação)
O Senado Federal aprovou o projeto que permite cobranças mais caras nas compras com cartão de crédito do que em compras com dinheiro. Em uma primeira avaliação, posso afirmar que o impacto para o mercado não será muito positivo, pois, em um momento de retração das compras, será mais uma taxa que as empresas poderão embutir nas compras, o que poderá fazer com que as compras com o cartão sejam menos utilizadas. Haverá, assim, uma valorização da importância da educação financeira na vida dos consumidores.
Contudo, também se terá uma melhor noção do que significa uma compra no cartão, que nada mais é do que uma compra a prazo. Essa falta de percepção não permite que se perceba que, na compra no cartão, se paga encargos e juros. Hoje, quem paga esses encargos são as empresas, que, na maioria das vezes, já repassavam esses valores nos preços dos produtos. Agora, a diferença é que poderá ocorrer a cobrança direta desses valores. Cabe, então, ao consumidor que pagará à vista lutar ainda mais por descontos.
Os maiores desafios, caso o projeto seja aprovado, serão: por parte do governo, é estabelecer bem claramente as regras referentes ao tema, até mesmo as tributárias, para que não ocorram abusos por parte das empresas e também erros de entendimento da população. Para as empresas, o desafio será fazer uma análise sobre o real retorno nas vendas da cobrança dessa taxa e, quando optarem pelas mesmas, fazer os cálculos para que tenham o retorno e a adequação dos preços nas compras à vista. Para os consumidores, os desafios são relacionados à educação financeira, realizando melhores compras, com consciência e planejamento.
Assim, como falei, o impacto ao consumidor será direto, com aumento nos preços nas compras com os cartões de crédito. É importante lembrar que o consumidor já paga anuidade e outras taxas referentes a essa ferramenta, sem contar que o rotativo é extremamente alto, o que faz com que a cobrança seja altamente injusta. Para se ter ideia, se a empresa cobrar uma taxa de 5% ao consumidor, nessas situações, se deve ter em mente que, a cada 20 compras em um mesmo valor, poderia adquirir mais um produto igual no valor integral só com essa taxa antecipada de juros, isto é, se comprar 20 produtos de R$100,00 com o cartão de crédito, terá gasto a mais outros R$100,00. Assim, o interessante é, mais do que nunca, poupar e comprar à vista.
Isso mostra como é fundamental que se utilize essa possível alteração para que incentivemos ainda mais a adoção da educação financeira para as pessoas, com a utilização do consumo consciente. Os consumidores devem ter a consciência de que, nas compras à vista, sempre se pagará juros, sejam esses diretos ou embutidos nos preço do produto.
Sabemos que os juros dos bancos realmente são exorbitantes, mas não se deve colocar a culpa nas instituições financeiras, no governo ou no sistema; é hora de assumir a responsabilidade das suas finanças e mudar o comportamento em relação à utilização e administração do dinheiro, ou seja, educar-se financeiramente.
Para isso, é necessário ampliar o repertório sobre finanças, de forma consistente e carregada de sentido prático, para assimilar, o mais cedo possível, a importância do equilíbrio financeiro para o bem-estar em todos os âmbitos da vida. Há diversos cursos, palestras e livros disponíveis no mercado que auxiliam nesse processo de educação financeira de maneira descomplicada e eficaz. Isso fará com que as pessoas sejam mais conscientes e sustentáveis no uso dos recursos financeiros, não precisando dar cheques sem fundo, utilizar o limite do cheque especial, pegar empréstimos ou ficar sem honrar com os seus compromissos.
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fonte: infomoney