IBC-Br de outubro confirma desaceleração econômica e atenções se voltam para PIB do 4º trimestre
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), do Banco Central, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda de 0,40% em outubro na comparação com setembro, segundo dado dessazonalizado.
A projeção segundo pesquisa Refinitiv era de queda de 0,20% na comparação mensal, enquanto o consenso Bloomberg apontava para baixa mais expressiva, de 0,4% frente setembro e de 0,7% na comparação anual.
O dado efetivo, por sua vez, mostrou queda de 1,48% na comparação com outubro de 2020, pior do que o esperado pelo consenso Bloomberg, com revisão para baixo da série.
Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio do escritório de investimentos BRA, a deterioração da atividade deve gerar cautela no mercado em relação ao crescimento do PIB, especialmente em meio à alta da inflação e do aperto monetário.
Nishimura destaca que alguns analistas já começam a apontar para estabilidade ou mesmo queda do PIB no quarto trimestre. Neste cenário, ações ligadas ao cenário macro local e expostas ao crescimento podem ser mais impactadas e sofrer com a maior volatilidade, avalia.
André Perfeito, economista da Necton, afirma que não há nenhuma notícia nova no índice divulgado nesta quarta. Segundo ele, o número apenas confirmou a queda já verificada nas outras pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mês de outubro que apresentaram queda na margem.
“De maneira geral, podemos resumir a fraqueza da atividade nos seguintes pontos: alta da inflação somada a um mercado de trabalho fraco, que tem feito a renda real dos consumidores cair; alta de juros cobrando um preço difuso na demanda doméstica, seja para o consumo das famílias quanto para investimentos; e ruídos políticos, que deprimem otimismo de consumidores e famílias”, diz.
A casa manteve sua projeção de crescimento de 4,3% da economia brasileira em 2021 e de 0,3%, em 2022. Já para a Selic, a Necton estima uma taxa básica de juros de 11,5% ao final do ciclo.
Em relatório, a XP destaca que a utilização das estimativas dessazonalizadas do IBC-Br demanda cautela, tendo em vista as mudanças muitas vezes acentuadas nas taxas de variação mensais do indicador quando da incorporação de novos dados.
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Isso porque a proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central teve retração de 0,9% no trimestre móvel encerrado em outubro em comparação ao trimestre móvel encerrado em julho. O carrego estatístico para o quarto trimestre de 2021 (ou seja, assumindo taxas de variação nulas em novembro e dezembro) também exibe queda de 0,9% ante o terceiro trimestre.
A XP estima crescimento de 0,4% do IBC-Br em novembro ante outubro (e de estabilidade em relação a novembro de 2020).
Caso a projeção esteja correta, a casa afirma que o efeito de carrego estatístico para o quarto trimestre de 2021 irá melhorar de -0,9% para -0,4% (em comparação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal).
No cenário-base da XP, a projeção é de crescimento de 4,5% do PIB em 2021, com um “ligeiro” viés baixista a tal número, devendo ficar estável em 2022 (0%).