Goldman corta petróleo com Covid pior na China e incerteza sobre teto para Rússia; brent fecha estável após cair mais de 5%
O banco americano Goldman Sachs reduziu no último domingo (20) sua previsão de preço para petróleo do tipo Brent de US$ 110 para US$ 100 por barril para o quarto trimestre de 2022 (4T22), destacando preocupações crescentes com a demanda da commodity pela China e a falta de clareza sobre o plano do G-7 de limitar os preços do petróleo da Rússia.
Apesar do sinais de reabertura do gigante asiático, analistas apontam que os movimentos recentes apenas sinalizam o início de um processo de preparação de vários meses. Ou seja, a retomada da demanda em níveis normalizados ainda deve levar meses para acontecer.
No entanto, a China registrou três mortes por Covid no fim de semana, as primeiras mortes do país pelo vírus desde maio deste ano, o que pode levar o governo chinês a adotar mais restrições, prejudicando ainda mais a demanda por petróleo.
Segundo relatório, o número de casos na China está agora em níveis vistos pela última vez durante os picos de bloqueios de 22 de abril, quando a demanda por petróleo caiu 2 milhões de barris por dia (mb/d) na base anual.
Com isso em mente, o Goldman reduziu as expectativas para a demanda da China em 1,2 milhão de barris por dia (mb/d) para o trimestre (para 14,0 mb/d), antecipando mais bloqueios daqui pra frente (atualmente 14,5 mb/d). “Isso é equivalente ao efetivo corte de produção recentemente implementado pela Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), o primeiro corte preventivo bem-sucedido do grupo”.
Além disso, pesa sobre as expectativas dos analistas o fato dos volumes de produção e exportações de petróleo da Rússia estarem em níveis elevados, apenas duas semanas antes do embargo da União Europeia (UE) entrar em vigor no início de dezembro, juntamente com o teto de preço do G-7, que ainda precisa ser melhor detalhado para o mercado.
Diante disso, o time de research do banco americano espera um impacto defasado do embargo sobre a produção russa, elevando as expectativas em cerca de 300 mil barris de petróleo por dia no 4T22.
Nesta segunda-feira, o brent para janeiro de 2023 chegou a cair mais de 5%, abaixo da casa de US$ 83 o barril, mas depois amenizou fortemente as perdas.
No radar da commodity que derrubou as cotações, esteve a informação do Wall Street Jorunal de que a Arábia Saudita e outros produtores da Opep+ estariam discutindo um aumento da produção em 500 mil barris por dia para a próxima reunião de 4 de dezembro. Mas as quedas amenizaram após uma agência de notícias estatal saudita informar que o país não estava discutindo esse aumento. Assim, o brent para janeiro fechou em leve queda de 0,20%, a US$ 87,45 por barril.
Na semana passada, o contrato do petróleo já tinha caído cerca de 9%, na segunda semana seguida de baixa, pressionado pela preocupação com o enfraquecimento da demanda na China e novos aumentos nas taxas de juros dos EUA.
Além disso, a estrutura de mercado de petróleo mudou de forma a refletir as preocupações cada vez menores com a oferta. O petróleo chegou perto de recordes este ano, com a invasão da Ucrânia pela Rússia aumentando essas preocupações.
(com Reuters)