Empreendedorismo: fazer empréstimo é bom negócio?
Uma dúvida muito frequente por parte dos empresários, ainda mais em um cenário de crise como o que estamos vivendo, é se é interessante buscar crédito no mercado para o seu negócio e, se sim, para qual finalidade. Então, vamos falar um pouco mais sobre o tema no artigo de hoje.
Só para se ter um panorama, aqui vão alguns dados: a inadimplência nos empréstimos para pessoas jurídicas alcançou a maior taxa registrada nas estatísticas atuais: 2,8%, segundo informações do Banco Central, divulgadas em abril. Se for falar apenas das pequenas e médias empresas, esse número aumenta para 5,4%. Paralelo a isso, os pedidos de falência cresceram 31,6% no trimestre, comparado ao mesmo período de 2015, de acordo com dados da Boa Vista SCPC.
Sendo assim, todo cuidado é pouco. Antes de ter qualquer iniciativa quanto à tomada de crédito, é preciso muita cautela, planejamento e objetivos bem definidos. Esse último item é o ponto alto da discussão. O que as pessoas precisam entender é que pegar dinheiro emprestado não é o problema, desde que elas tenham consciência da finalidade exata e do retorno que terá com isso.
Quando o crédito é buscado com frequência para quitar compromissos financeiros básicos que a empresa não conseguiu arcar, não está correto, pois é apenas um paliativo para resolver a consequência de um problema maior. Neste caso, é preciso rever todo o modelo de negócio, caso contrário, uma hora a bola de neve vai se tornar tão grande que a única saída será fechar as portas.
Outro ponto que torna o empréstimo viável é quando o mesmo é tomado para arcar débitos anteriores com juros mais altos. Cito o exemplo de uma empresa endividada em seu cartão empresarial, cujos juros são exorbitantes; se torna pertinente buscar juros menores, como um desconto de duplicatas, para arcar com o problema.
Agora, uma situação em que o empréstimo pode ser interessante é quando o recurso será utilizado para investir no desenvolvimento/crescimento da empresa, otimizando a produção, melhorando a competitividade, que, por consequência, aumentará a rentabilidade. Além de o destino ter de ser bem definido, pensado e avaliado, outro ponto importantíssimo é buscar esses valores em lugares confiáveis, com juros que cabem no “bolso da empresa”, afinal, opções são o que não faltam.
Exemplos: o microcrédito ou o BNDES, com taxa de 12% ao ano, uma das mais baixas do mercado. Muitas vezes, é mais interessante buscar esse tipo de empréstimo para um projeto maior do que descapitalizar o negócio. Você pode ter dinheiro capitalizado nesse caso e buscar um crédito para alongar o valor que quer investir.
Então, como fazer?
O passo anterior ao empréstimo é a realização de uma projeção do que se está captando e multiplicar pelos juros que pagará. O resultado dessa conta deve ser inferior ao retorno que se projeta. O que quero dizer é que a tomada de crédito nesse momento só valerá a pena se, no final das contas, a empresa conseguir captar de volta um valor maior num futuro próximo, falando em termos de produtividade, redução de custos, valorização de produtos e aumento do preço de venda, por exemplo.
Riscos fazem parte da vida de empresário, é assim que se aprende, se aproveita oportunidades, se destaca e se cresce. Lembrando sempre que, para que não se passe mais por problemas embaraçosos em relação às finanças da empresa, vale a pena investir em conhecimento sobre educação financeira!
Importante: As opiniões contidas neste texto são do autor do blog e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney.
fonte: infomoney