Bolsa de Valores em alta– quais os cuidados com essa aplicação?
(Bloomberg)
Nos últimos dias, percebeu-se uma consistente alta nos investimentos em ações das bolsas de valores brasileiras, refletindo, principalmente, o momento político em que estamos vivendo. Isso faz com que um grande número de investidores já se anime a destinar o dinheiro poupado para esse investimento.
Digo isso porque muitos desses já vieram me perguntar o que fazer nesse momento e minha dica é: mantenha a calma e não retire todos os seus investimentos de outras aplicações para direcionar a ações. E, se estiver definido que investirá em ações, apenas escolha muito cuidadosamente em quais irá investir e o quanto de dinheiro destinará a essa linha.
Isso porque, caso o quadro político ou qualquer outra questão altere o clima de euforia, a tendência é que as bolsas voltem a cair, ocasionando prejuízos para quem não é um expert no assunto, já que o investimento em ações é considerado de alto risco, podendo trazer grandes lucros ou até mesmo prejuízos.
Mas mesmo quando se tem prejuízos nas ações em um período, a tendência é que, no futuro, ocorram ajustes no mercado, fazendo com que se recuperem as perdas desse momento e vice e versa. Lembrando que, muitas vezes, na bolsa de valores, os períodos de baixa são interessantes para fazer investimentos, já que é muito mais fácil ter lucratividade em algo que está em baixa e que vai subir do que em algo que já chegou em seu limite. Isso é o principio básico da educação financeira.
Para entender melhor, é interessante detalhar o que são ações: uma empresa tem seu capital social dividido em pequenas parcelas chamadas ações (também chamadas simplesmente de “papéis”). Esse tipo de investimento é indicado para quem quer realizar sonhos de longo prazo (ou seja, acima de dez anos). No Brasil, esse tipo de operação é feita na BM&FBOVESPA, principal companhia brasileira, criada a partir de uma fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo e a Bolsa de Mercadorias e Futuros. Qualquer pessoa pode comprar e vender ações na bolsa. De modo simplificado, quando você compra uma ação, você compra uma porcentagem da companhia em questão, então, a pessoa passa a ser uma sócia da empresa.
Por isso, algumas preocupações são necessárias antes de investir nessa linha de investimento. A primeira pergunta é: quando vou precisar deste dinheiro que irei investir? Isso porque a bolsa é um investimento para longo prazo, isto é, o investidor possivelmente não terá lucro imediato, entretanto em um período de cinco anos, o retorno pode ser muito maior do que outros investimentos disponíveis no mercado. Isso, claro, desde que a pessoa saiba fazer boas aplicações. Por isso, é imprescindível ter uma visão ampla das finanças pessoais.
A pergunta sobre a necessidade do dinheiro é fundamental, pois mesmo existindo casos de investidores que conseguiram grande lucro em um pequeno prazo de tempo, esses são exceções. Em função disto, o investidor não deve comprometer recursos destinados às despesas de primeira necessidade ou gastos imediatos.
Outro aspecto criado em torno do investimento em ações que não corresponde à realidade é que esse investimento não é muito seguro, em função de relatos constantes de pessoas que perderam tudo e criaram dívidas quando realizaram esse tipo de investimento. Contudo, fatos como esses são raros e, geralmente, ocorrem com investidores que estão iniciando sua aventura, sem o acompanhamento adequado.
Investidores de primeira viagem enfrentam diversos problemas por não conhecerem a fundo a hora certa de realizar um investimento, assim, quando eles percebem que um grande número de investidores está comprando uma determinada ação, eles vão atrás desta. Todavia, em alguns casos, eles realizarão essa compra quando essas ações não forem mais interessantes, proporcionando prejuízos.
A questão cultural também impede o investimento de muitos em ações, sendo que, no Brasil, quando se fala na realização de um investimento, a maioria da população pensa logo em caderneta de poupança, não se atentando que esse tipo de investimento tem um retorno muito baixo, sendo apenas uma forma de guardar dinheiro para o futuro e não uma forma de ampliar os seus rendimentos. Já o investimento na bolsa, além de ser uma forma de guardar o dinheiro, se realizado da forma correta, pode garantir um bom lucro.
As ações podem ser compradas de três maneiras. A primeira é por um fundo de investimento, que funciona como um condomínio. Cada um dos seus investidores tem direito a uma cota, que corresponde a uma porção do total de ações que o fundo tem. Cada fundo tem seu próprio estatuto, que informa suas regras e o grau de risco de seus investimentos. Todo fundo precisa ter um gestor certificado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que coordena as compras e vendas de ações. Assim, quando uma pessoa adere a um fundo, deve estar de acordo com sua política de investimento, especificada em seu estatuto.
A segunda é por um clube de investimento, que têm um caráter menos formal que um fundo. Um grupo de amigos ou familiares pode formar um clube, que pode ser aberto, com no mínimo três pessoas, e chegar até um limite de 150. Diferentemente do fundo de investimento, essa segunda opção não precisa de um gestor certificado pela CVM, mas um representante que dê à corretora a ordem de compra ou venda de ações. Nesse caso, há maior liberdade por parte das pessoas que compõem o clube sobre quanto e onde será investido.
E por fim, existe uma terceira opção, que é individual. Nessa situação, a pessoa controla as ordens de compra e venda de suas ações. Para escolher quais ações comprar, pode contar com os consultores da corretora, que irão tirar dúvidas e ajudar a identificar quais são os bons investimentos para aquele momento.
Assim, mesmo com o cenário assustador apresentado nos últimos dias, reforço: não tenha medo de investir, procure uma corretora certa e reserva parte do dinheiro – nunca mais que 30% – para a realização de seu sonho futuro, com segurança.
Importante: As opiniões contidas neste texto são do autor do blog e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney.
fonte: infomoney