A relação da bolha de crédito e do padrão de vida
Problemas financeiros relacionados à macroeconomia são tidos como culpados pelas projeções ruins nesse aspecto no país. Mas essa mentalidade acaba nos distraindo com causas e não nos deixar ver as consequências que já estão acontecendo: que a situação pode piorar, uma vez que já vivemos uma bolha de crédito, que pode estourar a qualquer momento.
Para se ter ideia, no Brasil, já são 57 milhões de inadimplentes, ou seja, pessoas que compraram, adquiriram produtos e/ou serviços, mas não tiveram condição de pagar. E, para piorar, a solução que se encontra é utilizar empréstimos, limites do cheque especial, linhas de crédito, etc. Isso é uma atitude típica de uma população que não é educada financeiramente, porque essa prática é paliativa e só resolve naquele momento, não impedindo que volte a acontecer.
Claro que é até uma situação compreensível, já que faz 20 anos que conquistamos nossa estabilidade econômica, especialmente pelo fato de controlar a inflação, e, além disso, de uns tempos para cá, a facilidade de crédito aumentou, o que faz com que se tenha uma pseudomelhoria no padrão de vida das pessoas. Com esse comprometimento maior da renda com o crédito, o risco de a chamada nova classe C voltar para a D ou até mesmo ir para a E também aumenta.
Por isso, o importante agora não é ficar procurando culpados – marketing publicitário, o fácil acesso ao crédito, a conjuntura econômica ou até mesmo o resultado da eleição –, mas sim resolver a questão e não deixar que piore. Como? Investindo em educação, principalmente na financeira. É necessário que, no processo educacional, se tenha uma grande reflexão sobre projeto de vida, sonhos.
Esse é o principal aspecto da educação financeira: abordar, de forma comportamental, a relação com dinheiro, em prol da sustentabilidade, evitando o consumo desenfreado, que nos levou a bolha do endividamento. É assim que tem que ser o verdadeiro poder de compra da população: gradativo, consciente e saudável.
Importante: As opiniões contidas neste texto são do autor do blog e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney.
fonte: infomoney