Diversos

Papéis ligados a alimentos e agronegócios podem render até 42% neste ano

Demanda mundial por commodities agrícolas traz possibilidades de ganhos para o investidor na bolsa.

A inflação dos alimentos aterroriza o mundo nos últimos tempos, e com razão. A maior demanda dos países emergentes e as restrições dos países desenvolvidos fizeram disparar os preços. Nos últimos dois anos, os grãos e commodities agrícolas ficaram 190% mais caros, de acordo com o Commodity Research Bureau, instituto de pesquisas americano que acompanha o setor. A única saída sustentável, no longo prazo, é ampliar a produção – e isso é uma boa notícia para o Brasil, um dos poucos países que ainda contam com grandes extensões de terras cultiváveis. Também pode ser uma boa oportunidade de ganhos para os investidores. De acordo com as corretoras, as ações de empresas ligadas a alimentos e agronegócios podem se valorizar até 42% neste ano na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
 

A inflação dos alimentos aterroriza o mundo nos últimos tempos, e com razão. A maior demanda dos países emergentes e as restrições dos países desenvolvidos fizeram disparar os preços. Nos últimos dois anos, os grãos e commodities agrícolas ficaram 190% mais caros, de acordo com o Commodity Research Bureau, instituto de pesquisas americano que acompanha o setor. A única saída sustentável, no longo prazo, é ampliar a produção – e isso é uma boa notícia para o Brasil, um dos poucos países que ainda contam com grandes extensões de terras cultiváveis. Também pode ser uma boa oportunidade de ganhos para os investidores. De acordo com as corretoras, as ações de empresas ligadas a alimentos e agronegócios podem se valorizar até 42% neste ano na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Um exemplo de como a demanda mundial por alimentos pode beneficiar empresas brasileiros é o setor de carne de frango. Em maio, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), as exportações atingiram 684,59 milhões de dólares – uma expansão de 69,3% sobre o mesmo período de 2007. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2008, as vendas externas do setor saltaram 55,5%, de 1,75 bilhão para 2,72 bilhões de dólares.

Após a divulgação desses números, aAtiva Corretora observou que o cenário é favorável para as principais empresas do setor – a Sadia e a Perdigão. “Os números apresentados pela Abef trouxeram certo alívio em relação às perspectivas negativas para as empresas Sadia e a Perdigão”, informou. A corretora ressalva ainda que, no curto prazo a tendência ,será de alta nos custos de produção, devido ao aumento do preço do milho e da soja. Porém, ela acredita que as exportações deverão continuar crescendo. “Nossa análise se fundamenta no fato do frango brasileiro não enfrentar problemas de restrições sanitárias, além de ser uma carne relativamente barata”, complementou.

Na visão da Brascan Corretora, esses dois papéis tendem a se valorizar no longo prazo. A Sadia, por exemplo, com a divulgação do seu último relatório trimestral, superou as expectativas da corretora ao anunciar uma melhora de 123,4% no lucro, para 215 milhões de reais, ante ao mesmo período do ano passado. No entanto, os reajustes de quase 30% do milho e de 46% da soja fizeram com que a corretora rebaixasse suas estimativas de preço-alvo para o final do ano. Em relação à Perdigão, a corretora revisou o preço de 60,40 reais para 58,80 reais. Ainda assim, o novo valor indica um potencial de alta de 26,2% sobre a sexta-feira (20/6), quando as ações fecharam em 46 reais. Para a Sadia o preço foi alterado de 14,80 reais para 14,60 reais. Em relação aos 12,27 reais da última sexta, o potencial de valorização é de 19%.

“Mesmo com o aumento dos custos, essas ações são atrativas. Além disso, as empresas estão concentrando seus esforços para repassar gradativamente os efeitos para consumidor”, explica a analista da Brascan Corretora, Denise Messer. Neste ano, as preferenciais da Sadia acumulam alta de quase 24%, segundo a corretora Planner. As ordinárias da Perdigão já subiram 38%. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, subiu apenas 1,1%.

Segmento agrícola

De carona com a alta dos preços, a SLC Agrícola, focada na produção de algodão, milho, soja e café, também pode ser uma boa opção de carteira. A companhia chegou ao Novo Mercado da Bovespa em junho do ano passado e suas ações mais que dobraram de preço desde então. No primeiro trimestre de 2008, o lucro líquido da companhia cresceu 336,4%, totalizando 29,2 milhões de reais. A receita líquida somou 75,818 milhões de reais, com crescimento de 24%.

Messer, da Brascan, avalia que o cenário para a empresa é positivo. Mesmo que os fertilizantes subam, principal preocupação da companhia em relação à alta dos custos, nada vai afetar a SLC no curto prazo. “A SLC tem reservas de fertilizantes até para o fim 2009” , diz. A estimativa de preço alvo para o papel é de 35,25 reais em dezembro de 2008. No pregão de sexta-feira as ações fecharam a 28,81 reais. Em relação a esse resultado, o percentual de valorização da companhia é de 22,35%.

O aumento da área plantada também demanda mais insumos agrícolas, como fertilizantes. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade de se investir no setor para melhorar o desempenho dos agronegócios brasileiros. Para se ter uma idéia, a demanda por fertilizantes deve crescer de 5 a 7% neste ano, de acordo com a Câmara Temática de Insumos Agropecuários. No acumulado até maio, a procura foi 20% maior que a do mesmo período de 2007. E os preços avançaram ainda mais – entre 80% e 120%.

Neste cenário, é compreensível que as preferenciais da Fosfertil tenham disparado 62,20% neste ano. As ordinárias da Fertilizantes Heringer também apresentam desempenho de dois dígitos, embora não tão acentuado: 22,50%, segundo a Planner.

O lucro líquido da Fosfertil saltou 155% de janeiro a março deste ano diante do mesmo intervalo de 2007, totalizando 128,4 milhões de reais. Em relatório trimestral, o diretor de relações com investidores, Vital Jorge Lopes, comunicou que o resultado deve-se ao forte crescimento econômico e o uso do insumo para a produção de biocombustíveis. O Banco Fator Corretora comunicou que o preço alvo e recomendação para as ações da Fosfertil estão em revisão.

Já a Fertilizantes Heringer cresceu 7%, subindo de 21,6 milhões de reais em 2007 para 23,1 milhões de reais neste trimestre. Segundo o Banco do Brasil, ainda há bastante espaço para os papéis da empresa subir na bolsa neste ano. O preço alvo, de 33,43 reais, corresponde a um incremento de 42%, quando comparado ao fechamento desta sexta – 23,50 reais.

Por Ana Greghi – Portal Exame