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O que são Derivativos?

derivativosDesde o começo da crise internacional, muito se fala do mercado de derivativos. E você, entende como funcionam essas operações aqui no Brasil? Se você acha o assunto complicado, é melhor começar conhecendo os principais conceitos e características do mercado de derivativos. Acompanhe a seguir as questões básicas sobre esse instrumento financeiro. As informações têm como referência o folheto Mercados Derivativos – Série Introdutória da BM&FBOVESPA.

Qual o conceito?

“Instrumentos financeiros cujo preço de mercado deriva (daí o nome) do preço de mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro” (Dicionário de Derivativos, de José Evaristo dos Santos). Ou seja, é a operação em que o valor das transações deriva do comportamento futuro de outros mercados, como de ações, câmbio ou juros.

Se ainda está complicado, acompanhe os exemplos: o mercado futuro de petróleo é uma modalidade de derivativo cujo preço depende dos negócios realizados no mercado à vista de petróleo, seu instrumento de referência. O contrato futuro de dólar deriva do dólar à vista; o futuro de café deriva do café à vista, e assim por diante.

O mercado de derivativos pode ser utilizado como uma ferramenta de proteção contra o risco da oscilação de preço dos ativos e também para especular – neste caso é fundamental um bom gerenciamento, em função dos riscos elevados. Algumas companhias brasileiras que fizeram operações com derivativos acima do limite necessário para a proteção do caixa da empresa tiveram grandes prejuízos nesse ano. Em função da crise internacional, a disparada da cotação do dólar causou perdas para os investidores que tinham operações em aberto com expectativa oposta em relação à moeda americana, ou seja, esperavam que tivesse uma queda na cotação do dólar.

Qual a importância dos derivativos?

Não há números exatos sobre este mercado mundial. No entanto, o Bank for International Settlements (BIS), com sede na Suíça, divulga trimestralmente os valores referenciais dos contratos negociados em bolsa ou no mercado de balcão (fora da bolsa).

De acordo com o folheto da BM&FBOVESPA, os derivativos movimentaram US$ 57,80 trilhões em bolsas (base setembro de 2006) e US$ 369 trilhões no mercado de balcão. Vale ressaltar que os derivativos, assim como as ações, também são negociados em mercados balcão.

A maior parte das negociações da economia mundial usa este instrumento financeiro para proteção – conhecido pelo termo em inglês hedge – contra riscos de preços, taxas de juros e variação de câmbio. Os derivativos são, portanto, de grande importância. Mas também trazem riscos elevados. “Esses instrumentos fazem parte de uma cadeia de operações que pode estar amparando contratos comerciais em dif erentes partes do mundo”.

O que são derivativos não-padronizados e padronizados?

Os contratos de derivativos não-padronizados são aqueles negociados no mercado de balcão. Neles, as condições dos contratos como preços, quantidades e cotações são determinadas diretamente entre o comprador e o vendedor. Já os contratos de derivativos padronizados, no entanto, são negociados no pregão da bolsa. Eles têm mais liquidez e podem ser repassados a outros investidores a qualquer momento. Vale destacar a questão do risco. Na bolsa, a existência da câmara de compensação – que faz a intermediação entre os investidores – reduz o risco de inadimplência dos contratos de derivativos.

Veja no quadro abaixo as principais diferenças entre os ambientes de negociação.

Características
Mercado de balcão (OTC)
Mercado organizado (bolsa)

Liquidação do contrato
Estipulado a partir da necessidade das partes
Padronizado

Ambiente de

Negociação
Qualquer
Em ambiente comum de negociação

Fixação de preços
Negociação
Cotação aberta

Flutuação de preços
Livre
Limites de preços (alta e baixa)

Relação entre as partes
Direta
Por meio da câmara de compensação

Garantia
Não existe
Sempre para o vendedor

Risco contrapartida
Assumida pelo comprador
Assumida pela câmara de compensação

Regulação
Não existe
Regulação governamental

e auto-regulação (bolsa)

Liquidez
Baixa
Ampla nos mercados consolidados

Fonte: BM&FBOVESPA

Como são classificados os derivativos?

Os contratos são divididos em três classificações:

Derivativos agropecuários: têm como ativo-objeto commodities agrícolas como café, boi, milho, soja e outros.
Derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em alguma taxa ou índice financeiro como taxa de juros, taxa de inflação, taxa de câmbio, índice de ações e outros.
Derivativos de energia e climáticos: têm como objeto de negociação energia elétrica, gás natural, créditos de carbono e outros.