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De Buffett a Bernstein: chance pode estar na sua frente, basta foco na escolha

A lição deixada por grandes investidores como Warren Buffett é bem simples. Deve-se aproveitar dos momentos de incerteza dos mercados; é na crise que a Bolsa oferece as melhores oportunidades. De volta à máxima: comprar na baixa, vender na alta.

Mas a simplicidade desta estratégia encontra uma resistência de peso. O investimento em bolsa envolve emoções, pois quando há dinheiro em jogo a reação do investidor vai da euforia ao pânico em instantes. A questão evidencia a dificuldade que muitos encontram em seguir à risca esta estratégia. A incerteza que cerca uma tendência de baixa desnorteia algo que parece tão trivial.

A situação dos mercados chamava atenção ao final do primeiro semestre. Os índices acionários norte-americanos operavam próximos do chamado “bear market”, com desvalorização de quase 20% frente aos últimos patamares recordes. Era a janela que muitos esperavam; a grande oportunidade pode ter aparecido. Mas a incerteza que cercou esta baixa ainda estava presente: inflação e setor financeiro não davam sinais de melhora.

Ficou difícil para o investidor, mas algumas evidências dadas pela história das bolsas e pelo próprio ensinamento dos grandes investidores podem tornar a passagem por este período mais proveitosa.

História aponta recuperação…
Primeiro em relação à potencial recuperação dos mercados. O caráter de incerteza pode ser reduzido com uma análise do comportamento anterior dos mercados em situações complicadas. Um estudo da gestora de investimentos Bernstein, fundada pelo famoso corretor Zalman Bernstein, aponta que os períodos de crise em Wall Street geralmente apresentam algumas particularidades.

Uma análise dos últimos cinqüenta anos coloca as grandes depressões que assolaram o índice S&P 500 muito próximas da média de 23% de baixa. É um patamar próximo do deparado pelo mercado atualmente. No fechamento da quarta-feira (23), o índice S&P 500 acumulava desvalorização de 22% desde seu último patamar recorde, em outubro do ano passado.

Mas a mesma análise dá maior destaque ao que vem depois. A performance histórica dos doze meses seguintes ao “fundo do poço” relaciona uma recuperação média de 35% do índice, o que cobre as perdas anteriores e ainda reserva um ganho adicional.

…e pode estar se repetindo
Este retrato histórico pode estar se repetindo. Ainda é cedo para afirmar que os mercados estão próximos desta retomada, e não vão cair mais, mas alguns sinais recentes favorecem este argumento.

Os dois vilões principais da queda não mostram a mesma força. O temor inflacionário advindo da disparada do petróleo encontrou uma trajetória de forte ajuste no preço da commodity, que já recuou 14% desde o começo da última semana. O conturbado setor financeiro, aos poucos, apresenta sinais de melhora, com resultados superiores às expectativas e medidas de apoio a companhias com problemas de liquidez.

Foco nos potenciais subestimados
Se a tendência histórica realmente prevalecer, parece que estamos à frente de mais uma destas “grandes oportunidades” tão ressaltadas pelos mega-investidores. Ainda assim, é preciso ter atenção com o movimento. Não basta comprar qualquer coisa e esperar a recuperação.

Do mesmo jeito que Warren Buffett sempre afirmou que é na crise que os grande investidores aparecem, sempre defendeu que o verdadeiro investimento parte das companhias que apresentam fundamentos sólidos, com potencial de ganhos futuros.

Esta premissa rebate de volta ao estudo da Bernstein. Segundo a gestora de investimentos, deve-se atentar aos ativos com potencial de recuperação subestimado pelo mercado, ou habilidade de gerar lucro ignorada. Para a instituição, são as duas referências principais.

“Compre uma empresa”
De volta às lições do mega-investidor, não se deve deixar levar pelo clima do mercado. É preciso se desligar, o que remete também à importância do investimento de longo prazo. Por envolver pessoas movidas a emoções, o “humor” predominante no mercado pode ser perigoso ao investidor. Traz de volta a afirmação da euforia ao pânico em instantes; reações exageradas.

A combinação deste momento com a análise da Bernstein, passando pelas lições de Buffet mencionadas, coloca como melhor estratégia para estes momentos algo muitas vezes esquecido na rotina dos mercados: aposte nos fundamentos, como já dizia Buffett: “compre uma empresa, não uma ação”.

fonte: Infomoney